DNA de viajante

In Cronicas by kaeferLeave a Comment

Uma tarde de domingo, estava sentada ao redor da mesa depois de um delicioso almoço com minhas duas tias e minha prima. Entre uma conversa e outra a história de meus avós começou a ser recontada pelos olhos de suas filhas.  Com carinho e emoção elas relembravam as coisas que elas haviam vivido junto com os seus. 

Eu ali, prestando atenção a cada palavra, a cada riso e a cada lágrima. A  história de nossos avós é algo muito interessante e conta muito também sobre fatos e acontecimentos que podem ser repetidos em nossas vidas. 

Em cada fase da vida de cada uma delas, a família estava em uma cidade diferente, seus pais fazendo uma atividade diversa. Em uma época trabalhavam em fazendas, em outra tinham hotel e posto de gasolina. Em um momento estavam numa fábrica, noutra vendendo sorvetes. 

A cada palavra por elas dita, me fazia imaginar que no tempo que eles viveram além de tantos percalços, também não havia instrumentos que facilitam muito nossa vida nos dias de hoje, como ter internet e um celular sempre à mão para o que precisar.

De um município a outro, de um estado a outro, o casal com seis filhos enfrentava as dificuldades com trabalho, disposição e coragem. 

E assim também fizeram meus pais, que tenho tanto orgulho e admiração. Eles não mediam esforços quando mudar parecia ser a melhor opção. O recomeçar, em uma nova cidade e um novo emprego era vista como um desafio encorajador e motivador. A garra e o fazer acontecer eram um estado de espírito. Por mais que muitas vezes tiveram que enfrentar grandes dificuldades, reclamar e lamentar, não eram palavras presentes em seu vocabulário. 

Exemplos de resiliência que foram passados de geração em geração e que ajudaram a moldar a pessoa que sou hoje. Pelos exemplos que tive em casa, nunca vi como um problema mudar de cidade ou estado e começar de novo. Talvez por isso, mesmo com 38 anos, sai de um bom emprego e de uma vida confortável para viver o novo em um outro lugar do mundo. E por mais que o anseio era ter ido para outro continente, as raízes dos antepassados parecem ter definido nosso lugar. E com aquele sotaque familiar, as conversas em alto tom e as comidas com cheiro da casa da nonna, desembarcamos na Itália. E agora, mais uma vez, recomeçamos um novo capítulo de nossa história, repetindo o movimento de nossos antepassados.

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